Febre amarela, cuidado! A febre amarela é uma doença infecciosa febril aguda, imunoprevenível, de evolução abrupta e gravidade variável, com elevada letalidade nas suas formas graves. Portanto a doença é causada por um vírus transmitido por mosquitos, e possui dois ciclos de transmissão (urbano e silvestre). No ciclo urbano, a transmissão ocorre a partir de vetores urbanos (Ae. aegypti) infectados. No ciclo silvestre, os transmissores são mosquitos com hábitos predominantemente silvestres, sendo os gêneros Haemagogus e Sabethes os mais importantes.
Já no meio silvestre, os primatas não humanos (PNHs) são considerados os principais hospedeiros, amplificadores do vírus, e são vítimas da doença, assim como o ser humano, que nesse ciclo apresenta-se como hospedeiro acidental.
É uma doença de notificação compulsória imediata, ou seja, todo evento suspeito (tanto morte de primatas não-humanos, quanto casos humanos com sintomatologia compatível) deve ser prontamente comunicado/notificado, em até 24 horas após a suspeita inicial, às autoridades locais competentes pela via mais rápida (telefone, email, etc). Às autoridades estaduais de saúde cabe notificar os eventos de febre amarela suspeitos ao Ministério da Saúde.
A doença
É uma doença infecciosa febril aguda, causada por um arbovírus (vírus transmitido por artrópodes), que pode levar à morte em cerca de uma semana, se não for tratada rapidamente. Os casos de Febre Amarela no Brasil são classificados como febre amarela silvestre ou febre amarela urbana, sendo que o vírus transmitido é o mesmo, assim como a doença que se manifesta nos dois casos, a diferença entre elas é o mosquito vetor envolvido na transmissão.
Na febre amarela silvestre, os mosquitos dos gêneros Haemagogus e Sabethes transmitem o vírus e os macacos são os principais hospedeiros; nessa situação, os casos humanos ocorrem quando uma pessoa não vacinada adentra uma área silvestre e é picada por mosquito contaminado. Na febre amarela urbana o vírus é transmitido pelos mosquitos Aedes aegypti ao homem, mas esta não é registrada no Brasil desde 1942.
Como se transmite?
A transmissão da enfermidade não é feita diretamente de uma pessoa para outra. Para isso, é necessário que o mosquito pique uma pessoa infectada e, após o vírus ter se multiplicado (9 a 12 dias), pique um indivíduo que ainda não teve a doença e não tenha sido vacinado. Portanto o vírus e a evolução clínica da doença são idênticos para os casos de febre amarela urbana e de febre amarela silvestre, diferenciando-se apenas o transmissor da doença. A febre amarela silvestre ocorre, principalmente, por intermédio de mosquitos do gênero Haemagogus. Portanto uma vez infectado em área silvestre, a pessoa pode ao retornar, servir como fonte de infecção para o Aedes aegypti (também vetor da dengue), principal transmissor da febre amarela urbana.
Quais os sintomas?
Os sintomas iniciais incluem febre de início súbito, calafrios, dor de cabeça, dores nas costas, dores no corpo em geral, náuseas e vômitos, fadiga e fraqueza. Em casos graves, a pessoa pode desenvolver febre alta, icterícia (coloração amarelada da pele e do branco dos olhos), hemorragia e, eventualmente, choque e insuficiência de múltiplos órgãos. Portanto cerca de 20-50% das pessoas que desenvolvem doença grave podem morrer.
Depois de identificar alguns dos sintomas, procure um médico na unidade de saúde mais próxima e informe sobre qualquer viagem para áreas de risco nos 15 dias anteriores ao início dos sintomas e se você observou mortandade de macacos próximo aos lugares que você visitou. Portanto Informe, ainda, se você tomou a vacina contra a febre amarela, e a data.
Como tratar?
Não existe medicamento para combater o vírus da febre amarela. Portanto o tratamento é apenas sintomático e requer cuidados na assistência ao paciente que, sob hospitalização, deve permanecer em repouso com reposição de líquidos e das perdas sanguíneas, quando indicado. Portanto nas formas graves, o paciente deve ser atendido numa Unidade de Terapia Intensiva. A maioria dos infectados se recuperam bem e adquirem imunidade permanente contra a febre amarela.
Como prevenir?
A única forma de evitar a febre amarela é a vacinação. A vacina é gratuita e está disponível nos postos de saúde em qualquer época do ano. Portanto é administrada em dose única a partir dos 9 meses de idade e é válida por 10 anos. Deve ser aplicada 10 dias antes de viagens para as áreas de risco de transmissão da doença. O Aedes aegypti proliferam-se nas proximidades de habitações, em recipientes que acumulam água limpa e parada. Portanto para evitar a proliferação do mosquito devem ser adotadas medidas simples como colocar areia nos pratinhos de plantas, cobrir recipientes que acumulam água – lixeiras, pneus, caixas d’água, tonéis – retirar água de lajes; desentupir calhas, guardar garrafas de vidros ou pet, baldes e vasos vazios e de boca para baixo.
Vacinação
A recomendação para vacinação contra febre amarela é indicada para as pessoas que vivem ou viajam para as áreas de recomendação da vacina.
O esquema da febre amarela é de uma dose, tanto para adultos quanto para crianças. Os indivíduos devem receber a vacina a partir dos nove meses de idade. Assim, a proteção está garantida para o resto da vida.
Esquema vacinal
Orientação para vacinação contra febre amarela para residentes em área com recomendação da vacina ou viajantes para essa área:
Indicação | Situação Vacinal | Esquema |
Criança de 6 a 8 meses de vida | Não vacinada | Não administrar a vacina. Agendar retorno para a vacinação aos 9 meses. |
Criança de 6 a 8 meses de vida | Vacinada | Administrar uma dose aos 9 meses de idade, atentando para intervalo mínimo de 30 dias. |
Criança com 9 meses a 4 anos de idade | Não vacinada | Administrar uma dose. |
Criança com 9 meses a 4 anos de idade | Vacinada | Não administrar a vacina. Considerar vacinada. |
Criança com 4 anos de idade | Não vacinada | Administrar uma dose. |
Criança com 4 anos de idade | Vacinada | Não administrar a vacina. Considerar vacinada. |
Pessoa a partir de 5 anos de idade | Não vacinada | Administrar uma dose. |
Pessoa a partir de 5 anos de idade | Vacinada | Não administrar a vacina. Considerar vacinada. |
Gestante | Não vacinada | Administrar uma dose em gestante em qualquer período gestacional que reside em local próximo onde ocorreu a confirmação de circulação do vírus (epizootias, casos humanos e vetores – área afetada). |
Gestante | Vacinada | Não administrar a vacina. Considerar vacinada. |
Mulher que esteja amamentando criança menor de 6 meses de vida | Não vacinada | Administrar uma dose em lactante que reside em local próximo onde ocorreu a confirmação de circulação do vírus (epizootias, casos humanos e vetores – área afetada). Portanto deve–se suspender o aleitamento materno por 10 dias após a vacinação. Procurar um serviço de saúde para orientação e acompanhamento a fim de manter a produção do leite materno e garantir o retorno à lactação. |
Mulher que esteja amamentando criança menor de 6 meses de vida | Vacinada | Não administrar a vacina. Considerar vacinada. |
Mulher que esteja amamentando criança a partir de 6 meses de vida | Não vacinada | Administrar uma dose. |
Mulher que esteja amamentando criança a partir de 6 meses de vida | Vacinada | Não administrar a vacina. Considerar vacinada. |
Pessoa com 60 anos ou mais que NÃO apresente comorbidades | Não vacinada | Deverá ser vacinada, no entanto é fundamental que o serviço de saúde faça a avaliação, perguntando se a pessoa não se enquadra nas contraindicações elencadas na Nota Informativa nº 94, de 2017/CGPNI/DEVIT/SVS/MST. |
Pessoa com 60 anos ou mais que apresente comorbidades | Não vacinada | Não deverá ser vacinada se apresentar qualquer uma das comorbidades elencadas na Nota Informativa nº 94, de 2017/CGPNI/DEVIT/SVS/MST (comorbidades, doenças hematológicas, HIV/AIDS). |
Pessoa com 60 anos ou mais | Vacinada | Não administrar a vacina. Considerar vacinada. |
Viajante internacional, seguir as recomendações do Regulamento Sanitário Internacional (RSI). | Não vacinado | Administrar a vacina pelo menos 10 dias antes da viagem. |
Viajante internacional, seguir as recomendações do Regulamento Sanitário Internacional (RSI). | Vacinado | Não administrar a vacina. Considerar vacinado. |
Observações
Em crianças menores de 2 (dois) anos de idade não vacinadas contra febre amarela, não administrar as vacinas TRÍPLICE VIRAL ou TETRA VIRAL simultaneamente com a vacina febre amarela. O intervalo entre as vacinas é de 30 dias, salvo em situações especiais que impossibilitem manter o intervalo indicado.
Considerando a situação de surto de febre amarela no estado, quando for necessária a administração das vacinas febre amarela e tríplice viral ou tetra viral em crianças primovacinação menores de 2 anos, priorizar a vacina febre amarela e agendar a tríplice viral ou tetra viral com intervalo de 30 dias.
Para crianças a partir de 2 anos de idade (primovacinadas ou não), administrar simultaneamente ou com intervalo de 30 dias as vacinas febre amarela e tríplice viral ou tetra viral, salvo em situações especiais que impossibilitem manter o intervalo de 30 dias.
Precauções gerais
Pessoas com 60 anos ou mais e que nunca foram vacinadas ou sem comprovante de vacinação, devem ser avaliadas pelo serviço de saúde para receber uma dose da vacina. Deve se observadas a presença de comorbidades que contraindicam a vacinação;
Gestantes: deverão ser vacinadas aquelas que residem em locais próximos onde ocorreu a confirmação de circulação do vírus (epizootias, casos humanos e vetores). Portanto após serem avaliadas pelo serviço de saúde, considerando-se o risco/benefício da vacinação;
Nutrizes ou lactantes amamentando crianças abaixo dos 6 meses de idade: deverão ser vacinadas aquelas que residem em locais próximos onde ocorreu a confirmação de circulação do vírus (epizootias, casos humanos e vetores). Deve-se orientar e acompanhar a mãe no serviço de saúde a fim de manter a produção do leite materno e garantir o retorno à lactação 10 dias após a vacinação;
Nas demais a vacinação deve ser evitada ou postergada até a criança completar 6 meses de idade;
Quando adiar?
Nos casos de doenças agudas febris moderadas ou graves recomenda-se adiar a vacinação até a resolução do quadro com o intuito de não se atribuir à vacina as manifestações da doença;
Indivíduos infectados pelo HIV, assintomáticos e com imunossupressão moderada, de acordo com a contagem de células CD4, recomenda-se avaliação médica. Poderá ser utilizado o último exame de LT-CD4 (independente da data), desde que a carga viral atual (menos de seis meses) se mantenha indetectável;
Indivíduos com Lúpus Eritematoso Sistêmico ou com outras doenças de etiologia potencialmente autoimune devem ser avaliados caso a caso tendo em vista a possibilidade de maior risco de eventos adversos.
Pacientes transplantados de células tronco hematopoiéticas (medula óssea) devem ser avaliados caso a caso, considerando o risco epidemiológico. Portanto caso se decida pela vacinação, deve ser respeitado o prazo mínimo de 24 meses após o transplante;
Indivíduos que tenham recebido a Vacina Febre Amarela tornam-se inaptos à doação de sangue por 04 semanas após recebimento da vacina. Conforme recomendação da Portaria nº 158, de 04 de fevereiro de 2016, que redefine o regulamento técnico de procedimentos hemoterápicos.
Contraindicações
Crianças menores de 6 meses de idade;
Pacientes com imunodepressão de qualquer natureza;
Também pacientes oncológicos em quimioterapia e/ou radioterapia;
Pacientes infectados pelo HIV com imunossupressão grave, com a contagem de células CD4 < 200 células /mm3 ou menor de 15% do total de linfócitos para crianças menores de 6 anos. Portanto recomenda-se adiar a administração da vacina em pacientes sintomáticos ou com imunodeficiência grave. Até que a reconstituição imune seja obtida com o uso de terapia antirretroviral;
Pacientes em tratamento com drogas imunossupressoras (corticosteróides com dose ≥ 2 mg/kg/dia para crianças ou ≥ 20mg/dia para adultos por tempo superior a 14 dias, quimioterapia, radioterapia, imunomoduladores);
Portanto pacientes que tenham desencadeado doença neurológica de natureza desmielinizante (SGB, ADEM e esclerose múltipla) no período de seis semanas após a aplicação de dose anterior da VFA, devem ser avaliados caso a caso;
Indivíduos com história de reação anafilática relacionada a substâncias presentes na vacina (ovo de galinha e seus derivados, gelatina bovina ou outras) ou à dose prévia da vacina;
Pacientes submetidos a transplante de órgãos;
Pacientes com história pregressa de doenças do timo (miastenia gravis, timoma, casos de ausência de timo ou remoção cirúrgica).
Poderá ser vacinada de acordo com as orientações específicas de cada situação:
Paciente após término de tratamento com quimioterapia (venosa ou oral) e sem previsão de novo ciclo, administrar a vacina após 3 meses do término da quimioterapia. Portanto para pacientes que fizeram uso de medicamento anti-célula B e Fludarabina, aguardar 6 meses de intervalo;
Pacientes submetidos a Transplante de Célula Progenitora da Medula Óssea, administrar a vacina a partir de 24 meses após o transplante. Se não houver doença do enxerto versus hospedeiro e/ou recaída da doença de base e/ou uso de imunossupressor;
Síndrome Mieloproliferativa Crônica, administrar a vacina se padrão laboratorial estável e neutrófilos acima de 1500 céls/mm3;
Síndrome Linfoproliferativa, administrar a vacina 3 meses após término da quimioterapia (exceto no caso de uso de medicamento anti-célula B, quando o intervalo deve ser de 6 meses);
Hemofilia e doenças hemorrágicas hereditárias, administrar a vacina conforme orientação do Calendário Nacional de Vacinação. Portanto recomenda-se o uso de compressa de gelo antes e depois da aplicação vacina;
Após interrupção de corticóide nas doses relatadas acima, aguardar 4 semanas antes de vacinar;
Doença falciforme:
– Sem uso de hidroxiureia, administrar a vacina conforme o Calendário Nacional de Vacinação.
– Em uso de hidroxiureia, administrar a vacina somente se houver contagem de neutrófilos acima de 1500 céls/mm3.
Os profissionais da Kioto realizam uma visita técnica, identificam a origem e o grau da infestação e enviam por e-mail o orçamento.
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