Primeiros socorros para picadas de aranhas. A picada de aranha pode ser identificada através de uma pequena ferida na pele e de sintomas como inchaço ou vermelhidão no local. Portanto é também comum que a picada só seja percebida após algumas horas, especialmente se for causada por uma aranha comum e não-venenosa.
Embora possam ser acidentes muito estressantes, as picadas de aranha são relativamente comuns, e, na maioria das vezes, são causadas por aranhas não venenosas, que não colocam a vida em risco. Ainda assim, é importante ficar atento a sinais que possam indicar que a picada é grave, como dor intensa, cãibras, náuseas ou febre, que podem indicar uma picada por aranha venenosa.
De qualquer forma, sempre que existir suspeita de picada por uma aranha é muito importante ir ao hospital e, se possível, identificar as características da aranha que provocou a picada.
Picadas
Os acidentes causados por aranhas são comuns, porém a maioria não apresenta repercussão clínica. Os gêneros de importância em saúde pública são as seguintes espécies:
– O Phoneutria nigriventer (aranha-armadeira): responsável pela maioria dos acidentes causados por aranhas na cidade do Rio de Janeiro;
– Phoneutria fera: é encontrada na região Amazônica, mas os dados sobre acidentes são muito precários;
– Phoneutria keyserling: amplamente distribuída nas regiões Sul e Sudeste, com pequeno número de acidentes registrados;
– A Loxosceles amazonica: relato de acidente no Ceará;
– Loxosceles gaucho (aranha marrom): é a causa mais frequente de acidentes em São Paulo;
– O Loxosceles intermedia: principal espécie causadora de acidentes no Paraná e Santa Catarina;
– Loxosceles laeta: encontrada na região Sul, possivelmente causa de acidentes;
– Latrodectus curacaviensis (viúva-negra, flamenguinha): acidentes relatados na Bahia e no Ceará.
Acidentes
Acidentes causados por outras aranhas podem ser comuns, porém sem relevância em saúde pública, sendo que os principais grupos pertencem principalmente às aranhas que vivem nas casas ou suas proximidades, como caranguejeiras e aranhas de grama ou jardim.
São notificados anualmente cerca de 5.000 acidentes. Portanto a predominância destas notificações são nas regiões Sul e Sudeste, dificultando uma análise mais abrangente do acidente em todo o país. Em face das informações disponíveis pode-se considerar:
– Distribuição segundo os meses do ano: observou-se que os acidentes por Phoneutria aumentam significativamente no início da estação fria (abril/maio), enquanto os casos de loxoscelismo sofrem incremento nos meses quentes do ano (outubro/março). Portanto isso pode estar relacionado ao fato de que no Sul e Sudeste, as estações do ano são melhor definidas quando comparadas às demais regiões do país.
– Distribuição dos casos nos estados: a maioria dos acidentes por Phoneutria foram notificados pelo estado do Rio de Janeiro. Portanto com respeito aos acidentes por Loxosceles, os registros provêm das regiões Sudeste e Sul, particularmente no estado do Paraná, onde se concentra a maior casuística de Loxoscelismo do país. Portanto a partir da década de 80, começaram a ser relatados acidentes por viúva-negra (Latrodectus) na Bahia e, mais recentemente, no Ceará.
Como saber se fui picado por uma aranha?
Normalmente, uma picada de aranha vai parecer como qualquer outra picada de inseto, deixando uma protuberância vermelha e inflamada sob a pele. Portanto pode ser caracterizada por coceiras e dores, ou mesmo passar despercebida.
As picadas de aranhas inofensivas geralmente não produzem nenhum outro sintoma. No entanto, caso seja de espécies peçonhentas, as picadas são mais aparentes e podem levar aos seguintes sinais e sintomas:
– Cólicas;
– Náuseas;
– Dores;
– Febre;
– Inchaço;
– Tremores;
– Suor excessivo.
Gêneros de aranhas consideradas de importância médica
1. Aranha-marrom (Loxosceles) – Não é agressiva, pica geralmente quando comprimida contra o corpo. Tem um centímetro de corpo e até três de comprimento total. Portanto possui hábitos noturnos, constrói teia irregular como “algodão esfiapado”. Esconde-se em telhas, tijolos, madeiras, atrás ou embaixo de móveis, quadros, rodapés, caixas ou objetos armazenados em depósitos, garagens, porões, e outros ambientes com pouca iluminação e movimentação.
2. Aranha armadeira ou macaca (Phoneutria) – Bastante agressiva, assume posição de defesa saltando até 40 cm de distância. O corpo pode atingir 4 cm, com 15 cm de envergadura. Portanto ela é caçadora, com atividade noturna. Abriga-se sob troncos, palmeiras, bromélias e entre folhas de bananeira. Pode-se alojar também em sapatos, atrás de móveis, cortinas, sob vasos, entulhos, materiais de construção, etc.
3. Viúva-negra (Latrodectus) – Não é agressiva. A fêmea pode chegar a 2 cm e o macho de 2 a 3 cm. Tem atividade noturna e hábito de viver em grupos. Portanto faz teia irregular em arbustos, gramíneas, cascas de coco, canaletas de chuva ou sob pedras. É encontrada próxima ou dentro das casas, em ambientes sombreados, como frestas, sob cadeiras e mesas em jardins.
4. Caranguejeiras (Infraordem Mygalomorphae) – As aranhas caranguejeiras, embora grandes e frequentemente encontradas em residências, não causam acidentes considerados graves.
Como prevenir acidentes
– Manter jardins e quintais limpos. Portanto evitem o acúmulo de entulhos, folhas secas, lixo doméstico, material de construção nas proximidades das casas;
– Evitar folhagens densas (plantas ornamentais, trepadeiras, arbustos, bananeiras e outras) junto a paredes e muros das casas. Portanto mantenha a grama aparada;
– Limpar periodicamente os terrenos baldios vizinhos, pelo menos, numa faixa de um a dois metros junto das casas;
– Sacudir roupas e sapatos antes de usá-los, pois as aranhas e escorpiões podem se esconder neles e picar ao serem comprimidos contra o corpo;
– Não pôr as mãos em buracos, sob pedras e troncos podres;
– Usar calçados e luvas de raspas de couro pode evitar acidentes;
– Vedar soleiras das portas e janelas ao escurecer, pois muitos desses animais têm hábitos noturnos;
– Vedar frestas e buracos em paredes, assoalhos e vãos entre o forro e paredes, consertar rodapés despregados, colocar saquinhos de areia nas portas e telas nas janelas;
– Usar telas em ralos do chão, pias ou tanques;
– Combater a proliferação de insetos para evitar o aparecimento das aranhas que deles se alimentam;
– Afastar as camas e berços das paredes. Evitar que roupas de cama e mosquiteiros encostem no chão. Inspecionar sapatos e tênis antes de calça-los;
– Preservar os inimigos naturais de escorpiões e aranhas: aves de hábitos noturnos (coruja, joão-bobo), lagartos, sapos, galinhas, gansos, macacos, quatis, entre outros (na zona rural).
Sintomas de acidentes
Acidentes com aranha causam sintomas que podem ser leves ou severos. Portanto em raros casos, podem levar até mesmo à morte.
– Aranha-armadeira: causa dor imediata e intensa, com poucos sinais visíveis no local. Portanto raramente pode ocorrer agitação, náuseas, vômitos e diminuição da pressão sanguínea;
– Aranha-marrom: a picada é pouco dolorosa e uma lesão endurecida e escura costuma surgir várias horas após, podendo evoluir para ferida com necrose de difícil cicatrização. portanto em casos raros, pode ocorrer o escurecimento da urina;
– Viúva-negra: dor na região da picada, contrações nos músculos, suor generalizado e alterações na pressão e nos batimentos cardíacos.
O que fazer em caso de acidente
– Lavar o local da picada;
– Usar compressas mornas, pois ajudam no alívio da dor;
– Elevar o local da mordida;
– Procurar o serviço médico mais próximo;
– Quando possível, levar o animal para identificação.
Atenção ao que não deve-se fazer após acidente
– Torniquete ou garrote;
– Furar, cortar, queimar, espremer ou fazer sucção no local da ferida;
– Não aplicar folhas, pó de café ou terra para não provocar infecções;
– Não ingerir bebida alcoólica, querosene, ou fumo, como é costume em algumas regiões do país.
Acidente Loxoscélico – Aranha-marrom
O loxoscelismo (acidente por aranha-marrom), tem sido descrito em vários continentes. Corresponde à forma mais grave de araneísmo no Brasil. A maioria dos acidentes notificados se concentra no sul do país, particularmente Paraná e Santa Catarina. Portanto o acidente atinge mais comumente adultos, com discreto predomínio em mulheres, ocorrendo no intradomicílio. Observa-se uma distribuição centrípeta das picadas, acometendo mais a coxa, tronco ou braço.
Aranha pouco agressiva, com hábitos noturnos, encontra-se em pilhas de tijolos, telhas, beira de barrancos e nas residências, atrás de móveis, cortinas e eventualmente nas roupas.
As “aranhas marrons” (Loxosceles sp) são muito comuns em Curitiba, Região Metropolitana, região de Irati, Ponta Grossa, Guarapuava, União da Vitória, Pato Branco e Jacarezinho, ocorrendo em menor frequência em todo o Estado. Portanto é importante lembrar que este gênero de aranha ocorre em vários países do mundo.
São animais pequenos, medem em torno de 4 cm de diâmetro quando adultos. Sua coloração é marrom e possui pernas longas e finas.
Não são agressivas, gostam de lugares escuros, quentes e secos. No ambiente externo, vivem debaixo de cascas de árvores, em folhas secas, em buracos, em telhas e tijolos empilhados, muros velhos, paredes de galinheiro e outros. Dentro das casas, ficam atrás de quadros, armários, entre livros, caixas de papelão e outros materiais que não são muito remexidos. Portanto é importante lembrar que materiais de construção (como tijolos, telhas, lajotas, azulejos, madeiras) guardados também servem de abrigo para as aranhas.
Constroem teias irregulares com aparência de algodão esfiapado e se alimentam de pequenos animais como o tatuzinho e principalmente insetos, como formigas, pulgas, traças, preferencialmente cupins.
Como acontecem os acidentes – Aranha-marrom
As Loxosceles saem em busca de alimento à noite, e é neste momento que podem se esconder em roupas, toalhas, roupas de cama e calçados.
Os acidentes acontecem quando a pessoa, ao se vestir, ou mesmo durante o sono, comprime a aranha contra a pele.
A picada nem sempre é percebida pela pessoa, por ser pouco dolorosa. A dor pode iniciar várias horas após.
As alterações locais mais comuns são: dor em queimação, vermelhidão, mancha roxa, inchaço, bolhas, coceira e enduração. Portanto dias após, podem ocorrer outras alterações como necrose, dor de cabeça, mal-estar geral, náusea, dores pelo corpo.
Ações do veneno – Aranha-marrom
Parece que o componente mais importante é a enzima esfingomielinase-D que, por ação direta ou indireta, atua sobre os constituintes das membranas das células, principalmente do endotélio vascular e hemácias, ativando as cascatas do sistema complemento, da coagulação e das plaquetas, desencadeando intenso processo inflamatório no local da picada, acompanhado de obstrução de pequenos vasos, edema, hemorragia e necrose focal. Portanto nas formas mais graves, acredita-se que a ativação desses sistemas levam a hemólise intravascular.
Medidas preventivas – Aranha-marrom
É importante salientar que, para uma “praga” se estabelecer em um ambiente, são necessárias algumas condições ideais que podemos chamar de 4 AS:
– Acesso – por onde o animal entrou no ambiente (frestas, vãos, buracos);
– Abrigo – locais onde as aranhas podem se esconder (atrás de móveis, quadros, entulhos);
– Alimento – principalmente insetos;
– Água.
Assim como as aranhas, qualquer praga, como ratos, baratas, mosquitos, escorpiões, encontrando estas condições, certamente irão se proliferar neste ambiente.
Acidente por Phoneutria – Aranha armadeira
Aranha do gênero Phoneutria causa acidente denominado “foneutrismo”. Portanto popularmente conhecida como aranha armadeira, devido ao fato de ao assumir comportamento de defesa, apoia-se nas patas traseiras, ergue as dianteiras e os palpos, abre as quelíceras, tornando bem visíveis os ferrões e procura picar. Pode atingir de 3 a 4cm de corpo e até 15cm de envergadura de pernas.
Hábitos noturnos, acidentes frequentes dentro de residências e nas suas proximidades, ao se manusear material de construção, entulhos, lenha ou calçando sapatos. Portanto também pode ser encontrada em bananeiras ou árvores com grandes folhagens. Acidentes mais observados em abril e maio, raramente levam a quadro grave. As picadas preferencialmente ocorrem em mãos e pés.
Aranha muito agressiva, com hábitos vespertinos e noturnos. Portanto são encontradas em bananeiras, folhagens, entre madeira e pedras empilhadas e no interior de residências
Ações do veneno – Aranha armadeira
Peçonha de P.nigriventer causa ativação e retardo da inativação dos canais neuronais de sódio, que pode provocar despolarização das fibras musculares e terminações nervosas sensitivas, motoras e do sistema nervoso autônomo, favorecendo a liberação de neurotransmissores, principalmente acetilcolina e catecolaminas. Portanto também são isolados peptídeos, que podem induzir a contração da musculatura lisa vascular e aumentar a permeabilidade vascular, independentemente da ação dos canais de sódio.
Predominam as manifestações locais. A dor imediata é o sintoma mais frequente, apenas 1% dos casos apresentam-se assintomáticos após a picada. Sua intensidade é variável, podendo se irradiar até a raiz do membro acometido. Portanto outras manifestações que podem ocorrer são: edema, eritema, parestesia e sudorese no local da picada, onde podem ser encontradas as marcas de dois pontos de inoculação, priapismo, choque e edema pulmonar.
Acidente por Lycosa – Aranha de jardim
Acidentes por Lycosa ou aranha de jardim são frequentes, mas não constituem problema de saúde pública. Portanto a aranha errante, não constrói teia, sendo encontrada em gramas e jardins.
Os acidentes causados por Lycosa são importantes para o diagnóstico diferencial de loxoscelismo, pois muitas vezes ocorrem no mesmo habitat.
Ações do veneno – Aranha de jardim
Ação proteolítica local. Em geral, os acidentes têm pequena repercussão clínica. Portanto após a picada, há o surgimento de uma reação local não muito acentuada, como dor local discreta, edema e eritema leves, que ocorrem em menos de 20% dos casos. Há relatos de necrose superficial no local, mas sem consequências clínicas.
Acidentes por caranguejeira
A aranha caranguejeira (Mygalomorphae) possui variação de cor e tamanho, desde milímetros até 20 cm de envergadura de pernas. Algumas são muito pilosas. Portanto os acidentes são destituídos de importância médica, sendo conhecida a irritação ocasionada na pele e mucosas devido aos pêlos urticantes, que algumas espécies liberam como forma de defesa. Os pelos urticantes podem estar concentrados na região posterior do abdome, de 10.000 a 20.000 pelos por mm.
Ações do veneno – Caranguejeira
Podem provocar relaxamento da musculatura estriada em camundongos. Portanto alguns gêneros apresentaram, em animais de laboratório, veneno com ação semelhante ao da Phoneutria.
Dor no local da picada de pequena intensidade e curta duração, às vezes acompanhada de discreta hiperemia local. Não se conhece relato de acidentes graves. Portanto do desprendimento dos pelos, ocorrem manifestações cutâneas e das vias respiratórias altas, provocadas por ação irritativa ou alérgica nos pacientes previamente sensibilizados.
Estudos revelam que os testes cutâneos apresentam intensa reação positiva e altos níveis séricos de IgE, demonstrando que a reação de hipersensibilidade aguda contribui para o quadro inflamatório provocado por estas aranhas.
Acidentes por Latrodectismo – Viúva-negra
É o acidente causado pela aranha do gênero Lactrodectus, popularmente conhecida como viúva-negra, flamenguinha ou aranha ampulheta. No Brasil, os acidentes ocorrem na região Nordeste, principalmente no Estado da Bahia, Ceará, Rio Grande do Norte e Sergipe. Normalmente ocorrem quando são comprimidas contra o corpo.
A fêmea apresenta o corpo com aproximadamente 1cm de comprimento e 3cm de envergadura de pernas, o macho de 3 a 6mm, não é causador de acidentes. Portanto habitam jardins, parques, gramados e plantações e podem ocultar-se nas residências. Têm hábitos sedentários, fazem teias irregulares, vivem de forma gregária e não são agressivas.
Ações do veneno – Viúva-negra
Atua sobre terminações nervosas sensitivas provocando quadro doloroso no local da picada. Portanto sua ação sobre o sistema nervoso autônomo leva à liberação de neurotransmissores adrenérgicos e colinérgicos e, na junção neuromuscular pré-sináptica, altera a permeabilidade aos íons sódio e potássio. Não há registro de óbitos.
Dor local de intensidade variável, tipo mialgia, evoluindo para sensação de queimação (15 a 60min após o acidente). Lesões puntiformes, 1 ou 2, com 1 a 2mm e edema discreto. Hiperestesia na área da picada, placa urticariforme, infartamento ganglionar. Frequentemente tremores, contrações espasmódicas dos membros, sudorese local, ansiedade, excitabilidade, insônia, cefaleia, prurido, eritema de face e pescoço. Contratura facial e trismo dos masseteres (“fácies latrodectísmicas”). Opressão precordial com sensação de morte iminente, taquicardia inicial e hipertensão seguidas de bradicardia.
Como evitar picadas de aranha
Para evitar que uma pessoa seja picada por uma aranha é importante manter a limpeza da casa e dos terrenos baldios, pois são nos locais sujos e úmidos que estes bichos se reproduzem e vivem. O acúmulo de entulho e materiais de construção também favorece a proliferação e, consequentemente, uma pessoa que trabalha e vive próxima a esses locais está mais propensa a ser picada por aranhas e até de escorpiões, por isso deve-se evitar deixar acumular esses produtos.
Além disso, pessoas que vivem em locais com infestação desses animais devem sempre sacudir a roupa antes de vestir e também é necessário bater sapatos e botas antes de calça-los, pois isto evita a ocorrência de picadas.
Manter o ambiente sempre limpo e não acumular lixo são ações importantes para evitar a proliferação dessa praga. Porém, a forma mais segura de evitar uma infestação é realizando a dedetização do local.
Os profissionais da Kioto realizam uma visita técnica, identificam a origem e o grau da infestação e enviam por e-mail o orçamento.
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